12 anos de Lei Maria da Penha: Mais de 700 atendimentos a mulheres da Serra em seis meses

12 anos de Lei Maria da Penha: Mais de 700 atendimentos a mulheres da Serra em seis meses

12 anos de Lei Maria da Penha: Mais de 700 atendimentos a mulheres da Serra em seis meses


Texto: por Gabrielle Tallon

De um a cinco anos. Esse é o tempo que a maioria das mulheres atendidas pela Secretaria de Políticas Públicas para as Mulheres da Serra (Seppom) esperou para buscar ajuda. Muito tempo para quem sofre os mais diversos tipos de violência. A psicológica sai na frente e é a mais comum, manifestada principalmente por meio de ameaças de morte. Os dados que revelam tais informações foram levantados entre janeiro e junho deste ano, período em que foram realizados 734 atendimentos gerais a mulheres.

Mesmo diante desse triste cenário tão comum na vida de muitas mulheres e com muita luta pela frente, já há motivos para comemorar. Nesta terça-feira (7) é celebrado o 12º aniversário da Lei Maria da Penha, reconhecida pela Organização das Nações Unidas (ONU) como uma das três melhores legislações do mundo no enfrentamento à violência feminina.

De acordo com a titular da pasta, Luciana Malini, a data traz importantes reflexões sobre a importância de as mulheres não se calarem diante da violência e buscarem ajuda, como fez a Maria (nome fictício), de 39 anos. ?Há aproximadamente oito meses, ela buscou auxílio no Centro de Referência de Atendimento à Mulher em Situação de Violência Doméstica, Familiar e Sexual (CRAMVIS) da Seppom, e hoje tem uma nova vida?, conta a secretária.

Depois de muito tempo sofrendo violência psicológica, Maria começou a ser agredida fisicamente. Neste momento, ela percebeu que era hora de dar um basta àquela situação. Sem nenhuma expectativa de vida profissional, de ir para o mercado de trabalho e sair da ?prisão? em que vivia, ela procurou o CRAMVIS e, hoje, conseguiu sair do relacionamento abusivo, mantém a guarda dos filhos e está investindo em sua autonomia financeira. Ela fez o curso de auxiliar de escritório oferecido pela Prefeitura da Serra e agora está fazendo um curso online de cuidado de pessoas com deficiência. Além disso, Maria também está se preparando para fazer o Enem, pois quer estudar serviço social.

Quem também é um exemplo de superação de vida é a Rosa (nome fictício), 54 anos, usuária do CRAMVIS há quatro anos. Defensora da bandeira de que ?em briga de marido e mulher, se mete a colher, sim?, ela perdeu o companheiro no meio do processo de acompanhamento da Seppom, e teve que buscar forças para cuidar de toda a família e superar a violência vivida. Outra história de final feliz, Rosa terminou o ensino médio e agora está se preparando para fazer a prova do Instituto Federal do Espírito Santo, onde ela sonho em estudar.

Sobre a Seppom

A Serra é o único município do Estado que conta com uma Secretaria de Políticas Públicas para as Mulheres (Seppom).  As mulheres que denunciam casos de violência na delegacia são orientadas a procurar os serviços da Seppom. No local, elas são acolhidas, recebem orientação, atendimento psicossocial e jurídico. Além disso, a Seppom faz mediação de conflitos, atendimento em grupos, visitas domiciliares, acompanhamento social, e encaminha ao abrigo as mulheres que estão em situação de risco de morte.

Muitas mulheres que sofrem algum tipo de violência têm medo de denunciar os agressores e não prestam queixa. Os motivos são vários: não têm para onde ir, são dependentes financeiramente do agressor, têm medo da exposição e do julgamento, entre outros fatores.  Na Seppom, elas conseguem ajuda, não julgamento. Não precisa ter feito a denúncia na delegacia para receber os serviços. A secretaria conta com psicólogas e assistentes sociais para acompanhar os casos.