A equipe do Centro Pop da Serra foi a vencedora do campeonato de Futebol Callejero que no ginásio do Tancredão, em Vitória. Segundo Janine, esse projeto e a própria conquista do título, ajudou participantes a superarem a situação de rua.

No Centro Pop são atendidas diariamente 80 pessoas que têm acesso à alimentação, banho e assistência psicossiocial. No local acontecem oficina de artesanato, informativa sobre direitos, temáticas como LGBT e  mulheres e outros voltados para esporte e cultura. Os usuários também são encaminhados para serviços, de acordo com as necessidades de cada um.

Superação

Fabrício Guarnieri de 34 anos trabalha, tem onde morar e sustenta a própria família. A realidade, que parece simples para muita gente, representa uma grande conquista para ele. Há 10 anos entrando e saindo da situação de rua, hoje está terminando o ensino médio e pretende fazer o Enem no final de 2017.

A história de Guarnieri começou a mudar quando começou a frequentar o Centro Pop. “Saber que ainda tem gente que acreditava em mim e isso fez toda a diferença”. A grande virada veio por meio do Projeto  Futebol Callejero, que oferece oficinas de futebol e palestras para pessoas em situação de rua.

Do Centro Pop da Serra, participaram 20 pessoas, que treinavam toda quarta-feira e frequentavam as oficinas que aconteceram na Ufes, durante o ano passado e neste ano. Foi realizado um campeonato em que os jogos aconteciam uma vez no mês com equipes também formadas por pessoas em situação de rua da Grande Vitória.

No entanto, as regras deste futebol são diferentes: não existe juiz e a mediação de conflitos é feita pelos próprios atletas. Segundo explica a coordenadora do Cento Pop, Janine Ramos, o objetivo do projeto não é somente promover o esporte e a saúde, mas também trabalhar a tolerância, a autoestima e mostrar para essas pessoas que existem outros caminhos na vida.

Fabrício afirma que melhorar a autoestima foi o maior benefício do projeto. “Ainda não tinham encerrado as atividades do projeto e aluguei uma casa com o dinheiro que recebia do bolsa família. Não tinha nada dentro”, comenta

Ele conta que, com a nova visão, conseguiu enfrentar o problema das drogas.  “Fui me empenhando. Aproveitei a oportunidade que me ofereceram e hoje estou em busca a cada dia, de melhores condições de vida”, conta.

O projeto Callejero nasceu na Argentina e chegou ao Brasil por São Paulo. No Espírito Santo é realizado pela Ufes em parceira com os municípios.