Ambulatório Trans encerra o Setembro Amarelo com roda de conversa nesta segunda (30)

O ambulatório surgiu a partir do diálogo e da luta coletiva e de muitos anos do movimento LGBT da Serra

Ambulatório Trans encerra o Setembro Amarelo com roda de conversa nesta segunda (30)


Texto: Anete Lacerda - Foto: PMS

A Secretaria de Saúde da Serra inaugurou, em junho deste ano, o ambulatório para atendimento à população trans do município. Nesse período, 46 pessoas foram acolhidas e inseridas no serviço. Elas estão em processo de avaliação médica e acompanhamento psicológico, de acordo com as demandas apresentadas. E são esses pacientes acolhidos que foram convidados para uma roda de conversa na segunda-feira (30), às 8h30, no auditório da Unidade Básica de Saúde (UBS) de Boa Vista, onde o serviço foi implantado. O tema do encontro é “Sua História é bem-vinda aqui”.

O espaço surgiu com dois objetivos principais, segundo a assistente social Renata Campbell: atendimento às diretrizes da Política Nacional de Saúde Integral da População LGBTQIA+ de 2011 (isso inclui a hormonização) e o atendimento integral à saúde da população trans moradora da Serra.

Também está entre as propostas a promoção da integralidade da rede de saúde, realizando formações e estratégias de trabalho em rede para que todos os pontos da saúde tenham, além de sensibilidade, a capacidade técnica para o atendimento das variadas demandas dessa população.

Renata Campbell faz o acolhimento para inserção no serviço. A profissional diz que a principal demanda apresentada é a terapia hormonal. “Contudo, surgiram muitas demandas relacionadas à saúde mental (ansiedade, depressão, tentativas de suicídio, abuso de álcool e outras drogas e tabagismo), além de outras doenças (problemas renais, hipertensão arterial, obesidade, problemas dermatológicos, entre outros)”, esclarece.

A assistente social destaca que é gratificante poder trabalhar em um local que disponibiliza atenção e atendimento a uma população que sofre recorrentes atos de discriminação. “Em um dos atendimentos, uma mulher transexual me disse que eu estou trabalhando num lugar de produção de vida e eu me emocionei muito por sentir que fazemos diferença", conta.

Segundo Renata, o Ambulatório Trans da Serra é um serviço fundamental para uma população que encara os perigos da discriminação e da violência física e psicológica todos os dias. “Aqui damos meios e suporte para que as pessoas trans possam sair dos casulos que as aprisionam e vivam a vida plenamente sendo quem são”, frisa.  

Atendimentos individuais e familiares

Entre os profissionais do Ambulatório Trans há uma psicóloga que atende todas as segundas-feiras de forma individual aos pacientes trans. Entretanto, a proposta é que as ações da roda de conversa se torne fixa. Dessa forma, os pacientes poderão se encontrar semanalmente para terapia em grupo.

Também está em processo de construção o atendimento às famílias, em horário separado dos pacientes. “O objetivo é formalizar essa proposta do atendimento regular e contínuo com a psicóloga para os familiares. As famílias sofrem junto com os filhos e filhas trans, ora por apoiarem e serem criticados pela sociedade, ora por rejeitarem e não saberem lidar com a situação”, conta Renata.