Estudantes com baixa visão e de altas habilidades conhecem Jardim Botânico da Serra num passeio sensorial
Projeto da Associação Amigos do Mestre Álvaro, em parceria com a Sedu, desvendou as espécies nativas da fauna e flora para os alunos da Educação Especial
Texto: Marcelo Pereira
- Foto: Edson Reis
Estudantes com baixa visão e de altas habilidades fizeram um passeio sensorial no Horto Municipal e no Jardim Botânico da Serra, em Santo Antônio, na manhã desta quinta-feira (21).
A visita faz parte da programação especial da Secretaria Municipal de Educação (Sedu) para o Setembro Verde, o mês dedicado à reflexão sobre inclusão e luta pelos direitos da pessoa com deficiência.
A ação desenvolvida foi um projeto da Associação Amigos do Mestre Álvaro em parceria com a Sedu. A data, reunindo inclusão e educação ambiental, foi escolhida pois é comemorado o Dia da Árvore e também o Dia Nacional de Luta das Pessoas com Deficiência.
A garotada se empolgou ao conhecer de perto o que é mostrado nas aulas de Ciências da Natureza. Conheceram o canteiro de mudas, as árvores nativas, ouviram o canto dos pássaros e percorreram trilha ecológica passando pela lagoa. Também plantaram mudas de espécies nativas da Mata Atlântica e que fazem parte do bioma do Mestre Álvaro.
Ethan Júnior Penas, 8 anos, está no terceiro ano do Fundamental na Emef Irmã Cleusa, em Cidade Continental. Tem baixa visão e gostou do que descobriu nas duas grandes áreas verdes. Ele tocou em árvores, sentiu o cheiro de folhas e flores, tentou identificar as espécies de pássaros por meio do som.
“Gostei de poder sentir como as árvores são diferentes: umas são mais rugosas, outras são mais lisas. E gostei também de plantar uma árvore. Quero voltar aqui”, declarou.
As explicações, ao longo do caminho, foram dadas pelo diretor-presidente da associação, o biólogo Jean Robert de Souza. Com ele, o pessoal descobriu que a planta aquática na lagoa é uma ninfeia, geralmente confundida com a vitória-régia, nos rios da Amazônia. E que por ali tem visita de pássaros como biguá, garça, maritaca, mergulhão e pica-pau.
“Esse contato com a natureza nos traz de volta às nossas origens e nos conscientiza de que preservar o meio ambiente é contribuir para nós mesmos porque somos parte dele. E proporcionar esse conceito com a inclusão dessas crianças é uma gratidão imensa para nós da Amigos do Mestre Álvaro”, opinou. Foram plantadas mudas de ipê-roxo, ipê-amarelo e palmeira branca.
A estudante de altas habilidades Celine Freire, 8 anos, está no segundo ano e estuda na Emef Professor Naly da Encarnação Miranda, em Feu Rosa. Ela curtiu o passeio e gostou de conhecer os nomes das plantas e de botar a mão na terra para fazer o plantio das mudas. “Sem a natureza, a gente não vive”, resumiu.
Anair Carvalho, diretora da Emef Professor Naly, que é polo da Educação Especial para atendimentos de alunos com deficiência visual e altas habilidades na rede, elogiou o projeto que dialoga com a proposta da escola este mês.
“Nossa escola está bastante atuante no Setembro Verde com várias atividades e esse passeio é um dos grandes destaques porque combina a inclusão com meio ambiente. Eles sentiram, na prática, o que aprendem sobre natureza em sala de aula”, declarou.
O passeio terminou na sede do Horto Municipal com as crianças participando de uma oficina de cerâmica comandada pela artista plástica Jéssica Campos. Filha de uma paneleira de Goiabeiras, ela levou como material argila do vale do Mulembá, de Vitória, para que os alunos reproduzissem esculturas no formato de semente de jequitibá.
A secretária de Educação da Serra, Luciana Galdino, avaliou que a inclusão de pessoas com deficiência já é uma constante nas Emefs e Cmeis. “Os alunos, público-alvo da Educação Especial, contam sempre com uma rede de diretores, professores e demais estudantes dispostos a garantir um ambiente acolhedor e atraente de aquisição de conhecimento e de respeito a todos”, frisou.
Pela Educação Especial, na rede da Serra, são atendidos 68 alunos com deficiência visual e 61 com altas habilidades.