Setembro Verde: alunos da Serra participam de atividades sensoriais nas escolas
Por meio de atividades educativas as crianças experimentam sensações para entender como cegos e autistas interagem no mundo
Texto: Marcelo Pereira
- Foto: Edson Reis e divulgação
Um espaço escuro, com som ambiente variado, cheiros fortes, trilha com alguns obstáculos e diversos objetos com texturas diferentes para tocar. Porém, tudo tem que ser feito com os olhos vendados.
A experiência está sendo realizada com os cerca de 400 alunos do 1º ao 5º anos da Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Manoel Vieira Lessa, em José de Anchieta II. O passeio na chamada sala sensorial permite que os estudantes vivenciem a realidade de um autista e também de pessoas cegas e de baixa visão.
O projeto foi ideia de Juliana Vieira, Ivone Schuetz e Liliane Tosatto, todas professoras de Educação Especial. Elas contaram com o auxílio da pedagoga Elen Castro e da professora Andressa Cristina.
O objetivo é marcar no dia-a-dia da escola o Setembro Verde, o mês de reflexão sobre a inclusão de pessoas com deficiência. A sala fica disponível até quarta-feira (20).
“É interessante que os estudantes se coloquem no lugar dessas pessoas e aí elas passam a entender, por exemplo, porque certos cheiros e sons podem incomodar um autista ou como um cego utiliza o sentido do tato ou do paladar para interagir num ambiente”, aponta Juliana.
Os alunos vendados são guiados pelas professoras, que vão questionando ao longo do percurso, o que eles sentem, se conseguem identificar os objetos ou os alimentos.
Tocavam em isopor, sentiam cheiro de hortaliças e temperos, provavam doces e frutas, pisavam em folhas secas ou tapetes de plástico bolha.
A aluna Tabata Souza, 8 anos, aprovou a experiência. “Eu achei legal sentir o gosto das frutas de olhos fechados e também as folhas e a água nos meus pés. Agora eu sei como uma pessoa cega faz para ver o mundo”, declarou.
A diretora Elândia Pereira informou que há, na Emef, 31 alunos atendidos pela Educação Especial e que iniciativas como as das professores são importantes. “São autistas, estudantes com baixa visão, deficiência física. Se colocar no lugar do outro também contribui para a inclusão desses alunos”, reforça.
Crianças experimentam texturas
No Centro Municipal de Educação Infantil (CMEI) Antônio Laia, em Jardim Tropical, os pequenos não são vendados mas experimentam as sensações por meio de um painel sensorial. Depois caminham num circuito de objetos numa sala apropriada.
As crianças sentem diferentes texturas por meio de objetos de plástico, areia, folhas secas, tampinhas de garrafa.
A professora de Educação Especial Ruskáya Laysla explica que tudo depois é trabalhado em conversa com a criançada.
“É importante, desde cedo, eles terem consciência de que um amiguinho pode ter uma sensação diferente com uma textura, um cheiro, um som. Eles vão entender o porquê do incômodo em uma pessoa com espectro autista. Isso já auxilia na criação de uma sociedade inclusiva”, acredita.