Slam na Serra: poesia, juventude e resistência em batalha pela vaga estadual
Evento acontece no Centro Municipal das Juventudes (CMJ) de Jardim Carapina e celebra a cultura de periferia

Texto: Sâmia de Oliveira
- Foto: @metheusjpeg
O CMJ de Jardim Carapina será palco, no próximo dia 20 de setembro, às 13 horas, de um encontro que vai além da poesia. Em uma verdadeira celebração da cultura de periferia, acontece a seletiva do Slam ES, reunindo o Slam Vilania e o Slam de Cria em um evento que promete muita rima, resistência e identidade.
A seletiva é fruto da colaboração entre coletivos que concluíram suas edições do circuito local, garantindo representatividade e dando espaço para que a juventude serrana ocupe o microfone com suas vozes, experiências e sonhos. Mais do que uma competição, o encontro é uma oportunidade de expressão, onde cada verso traduz vivência e reafirma o protagonismo das juventudes no cenário cultural.
O evento terá duas etapas: a grande final do Slam Vilania, seguida pela disputa do Slam de Cria, que vai selecionar quem seguirá para o campeonato estadual. Estará em jogo não apenas uma vaga no Slam ES, mas também a chance de levar a poesia da cidade para novos espaços de visibilidade.
A secretária de Direitos Humanos da Serra, Lilian Mota, destacou a relevância do momento: “O Slam é mais do que poesia. Ele é a voz da juventude, é resistência, é pertencimento. Ver nossos jovens ocupando esse espaço com tanto talento e autenticidade é motivo de orgulho para a nossa cidade. O protagonismo juvenil é essencial para construirmos políticas públicas que façam sentido para essa geração e fortaleçam a cultura como instrumento de transformação social”.
A produtora cultural, articuladora e coordenadora do Slam de Cria e Slam Vilania, Gisele Paulo, fala sobre a importância desse momento. “O slam é um espaço democrático que nasce da cultura hip-hop, dando voz, sobretudo, às juventudes negras das periferias. Mais que um palco, é um espaço de luta pelos direitos culturais e de expressão, onde os jovens transformam dores e violências em poesia, celebram o amor, a coletividade e os sonhos, e se tornam protagonistas de suas próprias histórias. É um grito que transforma silêncio em voz e solidão em resistência coletiva”.
Afinal, o que é um Slam?
Trata-se de uma competição de poesia falada, em que poetas — chamados slammers — recitam poemas de autoria própria, de até três minutos, usando apenas o corpo e a voz, sem cenário ou acompanhamento musical. As apresentações são julgadas por jurados escolhidos na plateia, e o termo slam se refere à “batida” ou “pancada” da performance e da competição, inspirada em esportes como o baseball.
Entre as principais características do slam estão a poesia autoral, a performance baseada na voz e expressão corporal, o tempo limitado para cada apresentação e a proibição de adereços ou instrumentos musicais. Além disso, o formato se destaca pelo júri popular, formado por pessoas da plateia, e pela dinâmica de competição em fases, até que um vencedor seja escolhido.
Esse movimento tem raízes nos Estados Unidos, criado em 1984, em Chicago, por Marc Kelly Smith, e chegou ao Brasil em 2008, trazido pela atriz, pesquisadora e poeta Roberta Estrela D’Alva. Desde então, o slam ganhou força nas ruas e periferias brasileiras, tornando-se uma poderosa ferramenta de expressão para grupos historicamente excluídos, reivindicando seus espaços e dando voz às suas lutas.